segunda-feira, 27 de junho de 2011

Gideão

Juizes capítulos 6 a 8

Depois dos quarenta anos de paz, resultantes do livramento pelo SENHOR quando Débora era juíza, o povo voltou a fazer o que era mau perante o SENHOR, e como castigo foram dominados pelos midianitas por sete anos. Os midianitas eram descendentes de Abraão e sua segunda mulher, Quetura (Gênesis 25:1, 2). 
Como nação, haviam sido destruídos nos dias de Josué (Josué 13:21, 22). Mais de dois séculos depois, seus descendentes se tornaram poderosos novamente e, aliados aos amalequitas, dominaram sobre o povo de Israel, destruindo suas plantações e apossando-se do seu gado, ovelhas e animais de carga. Para se defenderem, os israelitas tiveram de fazer covas nos montes, cavernas e fortificações. Existe evidência delas ainda hoje.

Em sua angústia, o povo novamente clamou ao SENHOR.
Ele primeiro lhes mandou um profeta para recordá-los quem Ele era, e que Ele os havia prevenido a não temerem os deuses dos amorreus. Era por medo deles que os israelitas lhes davam culto, em desobediência a Deus. Se tivermos plena fé em Deus, não nos deixaremos levar pelo medo a fazer aquilo que Ele não aprova, por exemplo, procurar médiuns espíritas para tratamento de saúde.

Em seguida, o SENHOR buscou entre o povo alguém que tivesse caráter e coragem para obedecer às suas instruções. O SENHOR ia livrar o povo, mas não sem que representantes do povo demonstrassem fé e obediência ao que Ele iria mandar. A missão os provaria severamente. Deus nos dá livramento das nossas aflições, mas primeiro requer que nos voltemos a Ele, e que lhe sejamos obedientes.

O SENHOR escolheu Gideão, da tribo de Manassés. Esta tribo tinha por herança a planície de Jezreel, ótima para lavoura, mas quando os midianitas e amalequitas vieram, eles fugiram para os montes. Gideão estava ocupado, malhando o trigo para ocultá-lo dos midianitas. Não estava trabalhando no alto do monte, ao ar livre, aproveitando o vento, onde normalmente seria feito esse trabalho, mas no lagar onde se espremiam as uvas, para não ser visto. Sem dúvida Gideão estava frustrado, e foi nessa situação que o Anjo do SENHOR foi falar com ele. 

A declaração do SENHOR, para abrir conversa, foi surpreendente e Gideão logo protestou. Como poderia o SENHOR estar com ele, se Ele havia desamparado todo o povo, deixando-o entregue nas mãos dos midianitas? Quanto a ser valente, que valentia era essa quando ele estava trabalhando às escondidas com medo dos midianitas? Omitindo mencionar o pecado do povo que era a verdadeira causa dessa situação, Gideão sugeriu que o SENHOR não era mais o poderoso Deus de quem falaram os seus antepassados. É fácil esquecer nossas faltas e culpar a Deus ou outros pelos nossos problemas. Não é assim que serão resolvidos, ao contrário, essa atitude pode aténos levar à rebeldia. 

O SENHOR, no entanto, passou por cima do seu protesto, e mandou que livrasse a Israel ele próprio, porque o SENHOR estaria com ele. Gideão deve ter ficado pasmado, pois não se considerava digno de tamanha responsabilidade: disse que sua família era a mais pobre da tribo de Manassés e ele o menor da sua família! Ele não levou em conta o que o SENHOR poderia operar através dele. 

Como Gideão, somos chamados a servir o Senhor de maneiras diferentes. Mas, esquecendo do que Ele pode fazer conosco, olhamos apenas a nossa fraqueza e desanimamos. Lembremos das palavras de Paulo "tudo posso nAquele que me fortalece" (Filipenses 4:13). Deus não chamou muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento, mas escolheu as cousas loucas, fracas e humildes do mundo, as desprezadas (1 Coríntios 1:26-28).

O SENHOR, sabendo da sua humildade (Tiago 4:6), garantiu-lhe que estaria com ele, e que Gideão feriria os midianitas como se fossem um só homem. Gideão prudentemente quis verificar quem era a pessoa que lhe falava, e se assustou quando provou que era o Anjo do SENHOR (o Filho de Deus). Mas o SENHOR imediatamente o tranqüilizou dizendo que não morreria: Gideão pensava que morreria ao ver a Deus face a face.

Depois que ele construiu um altar ao SENHOR, Gideão foi mandado até sua cidade para começar o seu trabalho: devia destruir o altar de Baal e o poste-ídolo junto a ele. Os dois representavam o pior tipo de imoralidade praticado ali. Era um teste da fé e dedicação de Gideão, e ele estaria se arriscando a uma punição severa pelo povo. De fato o povo foi até o seu pai exigindo que o entregasse para ser morto, mas seu pai, habilmente, desafiou o próprio Baal a fazê-lo, se realmente fosse deus.

Então o inimigo veio e encheu o vale de Jezreel - mas o Espírito do SENHOR revestiu a Gideão, e ele corajosamente convocou o povo à peleja. Mas, antes de continuar, ele pediu ainda duas provas de que de fato era o SENHOR que estava lhe dando instruções, e o SENHOR, compadecido, as deu. Hoje Deus nos guia pela Sua Palavra, a Bíblia, que é a revelação completa de Deus. Estudemos as Escrituras ao invés de pedirmos sinais (2 Timóteo 3:16,17).
A auto-suficiência é inimiga da fé: ela nos faz confiar em nós próprios. Para evitar essa atitude entre os soldados de Gideão, o SENHOR reduziu seu efetivo: de 32.000 foram eliminados os tímidos e medrosos, ficando 10.000, dos quais foram tirados os que se ajoelharam para beber água do rio, ficando apenas 300 combatentes. Com um exército tão pequeno, qualquer vitória só poderia vir mesmo de Deus.

Tendo que enfrentar o poderoso inimigo com tão pouca gente, Gideão temia em seu íntimo. O SENHOR sabia disso, e deu-lhe uma prova final permitindo que ouvisse uma conversa no acampamento inimigo que lhe daria coragem. Deus pode nos dar a força necessária para qualquer situação, às vezes de maneiras inesperadas. Devemos estar prontos a dar o primeiro passo: depois disso Ele nos dará coragem para prosseguir.

Sem armas, o grupo de Gideão conseguiu uma vitória decisiva: dividindo os seus homens em três grupos de cem, cada homem empunhando tochas cobertas por cântaros e uma trombeta, eles se colocaram nos montes ao redor da planície e, dado o sinal por Gideão, quebraram os cântaros, tocaram as trombetas e gritaram "Espada pelo SENHOR e por Gideão".
O barulho acordou os midianitas e, vendo as luzes das tochas, o som das trombetas e os gritos, imaginaram que estavam sendo atacados por um poderoso exército e, na confusão da escuridão, passaram a se matar uns aos outros e a correr, e a gritar, e a fugir.
Com isso, Gideão viu-se em condições de chamar o resto do seu povo e a tribo vizinha de Efraim para completarem a aniquilação do inimigo, impedindo que voltasse para as terras ao oriente do rio Jordão de onde havia vindo.

O povo quis fazer de Gideão o seu governador (a primeira indicação que o povo queria um rei, formando uma dinastia, como as outras nações), mas ele recusou, dizendo que o SENHOR é que os dominaria, novamente provando a sua humildade diante de Deus. Gideão aparece entre os heróis da fé na lista que se encontra em Hebreus 11, o primeiro dos juizes ali mencionados.
Infelizmente, ele teve a idéia de fazer uma estola sacerdotal com as argolas de ouro apreendidas do inimigo, e ela se tornou um objeto de adoração do povo de Israel. O povo gozou de paz por quarenta anos mas, depois que Gideão faleceu, voltou à idolatria.

R David Jones 

 

Fonte:  Fatos Biblicos