Falar de algo sem ter conhecimento real do fato pode ser desagradável, mas falar da vida alheia e ainda postar comentários nas redes sociais pode ser um sinal de falta de cautela, de educação e de inteligência. Os resultados dessa atitude podem ser desastrosos e incomodar muito quem é atingido – muito mais ainda quando denotam preconceito.
É o que aconteceu com a professora Rosa Marina Meyer, docente do Departamento de Letras da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro. Na semana passada, ela tirou a fotografia do advogado mineiro Marcelo Santos, de 33 anos, sem que ele soubesse, vestido de bermuda e camisa regata, no Aeroporto Santos Dumont, na capital fluminense.
Em seguida, ela postou a foto no Facebook com o seguinte comentário: “Aeroporto ou rodoviária?”. A professora foi incauta. Não mediu as consequências que seu post “despretensioso”, mas recheado de preconceito, pudesse ter, nem imaginou que ele teria tanta repercussão. Em cinco dias foram quase 11,3 mil compartilhamentos na internet.
Infelizmente, vivemos em um País em que o preconceito ainda é uma questão muito séria, enraizada em nossa sociedade e que conduz a muitas atitudes equivocadas, como a da professora universitária. Julgar alguém pela aparência e pelo modo de vestir não revela quem realmente a pessoa é.
O significado da palavra preconceito traduz a atitude dela com precisão: opinião injusta ou insensata (contrária ao bom senso) sobre assunto que não se conhece o suficiente.
Muitos não assumem suas opiniões claramente, mas, nas entrelinhas, deixam transparecer o que realmente pensam. Reproduzem o que ouviram na família, dos amigos e, muitas vezes, não param para pensar se há uma razão para esse tipo de pensamento.
É o caso da professora Rosa, que, no mínimo, agiu de modo pouco inteligente. Não por falta de conhecimento, pois é uma pessoa “formada”, mas talvez pela reprodução de um modelo que passa de geração a geração no Brasil. Trata-se de uma atitude incoerente para quem é uma educadora.
Todos os dias acontecem casos como esse e eles estão relacionados à intolerância religiosa e social, violência, ao racismo, à suspeita e ao ódio irracional que só não têm a mesma repercussão porque não encontram espaço ou algum meio de divulgação.
Felizmente, esse episódio ocorreu em uma rede social e quem leu o post e não compactuou com as ideias se mobilizou e se posicionou contra.
Mas será que a professora Rosa aprendeu a lição de que inteligência e preconceito não combinam?