É preciso corrigir algumas falhas frequentes na hora de se proteger contra o sol para evitar que seu corpo fique à mercê do câncer de pele
O brasileiro não sabe se precaver contra essa ameaça, revelam dados coletados pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) ao longo de 11 anos de Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer de Pele e divulgados recentemente. Durante esse período, mais de 350 mil pessoas em 108 municípios receberam atendimento voltado ao diagnóstico do tumor e à orientação sobre prevenção. A análise das entrevistas traz resultados alarmantes: “Cerca de 70% dos participantes declararam que saem ao sol sem filtro”, lamenta o dermatologista Omar Lupi, presidente da SBD. “E apenas 13% utilizam o produto do modo correto.” Outras constatações compõem um cenário de descaso com a pele. Em cidades litorâneas, como o Rio de Janeiro, usa-se menos protetor do que em municípios sem praia, como Brasília. E só 16% dos negros costumam aplicá-lo. Reverter esses equívocos é urgente. “Nós conhecemos a principal causa do câncer pele: a exposição excessiva à radiação ultravioleta. Por isso, resguardar- se adequadamente do sol é o segredo para evitar o problema”, conclui o dermatologista Marcus Maia, da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
O descuido com o filtro solar no litoral é imperdoável, já que, além da necessidade de se defender dos raios emitidos diretamente pelo sol, é preciso levar em conta que a areia reflete pelo menos 25% dessa radiação, potencializando sua ação nociva. Na água do mar, o efeito espelho é ainda maior. O dermatologista Omar Lupi levanta uma hipótese para a negligência observada entre os cariocas: “Por terem acesso fácil à praia, os moradores do Rio de Janeiro são, em geral, mais bronzeados, o que lhes confere uma falsa sensação de segurança”. Mas a cor do verão não bloqueia totalmente os raios UV, embora promova certa proteção, como você verá a seguir. “E a parcela que consegue atingir o DNA das células da pele provoca danos cumulativos, o que favorece o desenvolvimento do câncer”, afirma Marcus Maia.
Ter a ilusão dos dias cinzentos
É hora de acabar com a crença de que a pele está a salvo em dias nublados. “A maioria da radiação solar consegue ultrapassar uma nuvem clara”, avisa a dermatologista Gisele Rezze, do Hospital A.C. Camargo, em São Paulo. As sombras também são traiçoeiras. “O indivíduo só está protegido quando a cobertura é grande o suficiente para impedir que ele enxergue o céu”, diz Maia. Outro conselho do médico é apostar em guarda-sóis, bonés e roupas confeccionados com tecidos especiais que absorvem a radiação UV e a dissipam, impedindo que afetem as células. “Esses acessórios já estão disponíveis no mercado e são excelentes opções, especialmente para atletas que se exercitam ao ar livre”, comenta.
Achar que os negros estão a salvo
É verdade que o tumor de pele raramente acomete negros e mulatos. “A melanina, pigmento que nos colore, absorve os raios solares, dificultando o acesso e a agressão às células”, esclarece Omar Lupi. Mas nada disso justifica que uma parcela tão pequena dessa população lance mão de protetor. Um erro! “Quando o câncer de pele ocorre nesses indivíduos, a doença tem evolução mais agressiva e com maior probabilidade de metástase”, alerta o dermatologista Adilson Costa, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, no interior paulista. “Portanto, negros devem, sim, usar filtro solar com fator de proteção mínimo de 15”, acrescenta sua colega Gisele Rezze. Os mulatos, então, devem ter cuidado redobrado.
Não dar atenção ao UVA
“Antes se acreditava que apenas o raio ultravioleta B, por trás do avermelhamento da pele, era responsável pelo câncer”, conta a dermatologista Denise Steiner, de São Paulo. “Mas hoje sabemos que o ultravioleta A, embora não promova queimaduras, penetra profundamente na cútis, potencializando o risco de tumor”, continua. Esse foi o motivo pelo qual a Agência Nacional de Vigilância Sanitária proibiu câmaras de bronzeamento artificial, já que 90% da radiação emitida pela máquina é UVA. “O pior é que esses raios incidem o dia todo, não só no período crítico, entre 10 e 16 horas, quando há pico de UVB”, avisa Denise. A ordem, portanto, é escolher um filtro que traga no rótulo a informação de que barra o UVA e recorrer a ele sempre que sair ao ar livre à luz do dia — não só no horário de sol a pino.
Ser um exemplo de resistência masculina
Quem nunca presenciou a cena clássica de uma esposa ou de uma filha perseguindo um marmanjo pela praia, segurando um tubo de filtro solar na tentativa de aplicá-lo na marra? A maioria dos homens detesta se besuntar com o protetor. A aversão é perigosa. “Eles apresentam a mesma probabilidade de desenvolver câncer de pele que as mulheres”, alerta Adilson Costa. O jeito é apostar em alternativas que aumentem a tolerância deles ao produto. “Já existem no mercado fórmulas multifuncionais bem práticas, como pós-barba com filtro solar”, exemplifica Denise Steiner. No caso da pele masculina, a textura deve ser levada em conta. Os cremes à prova d’água, por exemplo, costumam ser mais viscosos e, por isso, geram desconforto. Melhor substituí-los por um convencional e reaplicar depois de sair do mar ou da piscina.
Dar trégua ao filtro
Não é novidade que o efeito nocivo do sol se acumula ao longo do tempo. Mas é muito arriscado esperar que o rosto ou as mãos comecem a ficar manchados para começar a se proteger. Afinal, nem sempre soa com antecedência o alarme de câncer à vista. “Quando a radiação incide nas células cutâneas, provoca mudanças no DNA”, explica Marcus Maia. “Daí que enzimas de reparação entram em cena para corrigir a falha”, continua. Nem sempre, porém, elas dão conta de consertar o estrago, e então é formado o chamado DNA UV, material genético com a mutação. “Cada vez que uma pessoa se expõe ao sol sem proteção, mais alterações ocorrem, e nem sempre as consequências são visíveis a olho nu”, diz o dermatologista. Portanto, não tem acordo: o uso do filtro solar é indispensável desde a infância. Especialmente em áreas mais expostas, como colo, ombro, rosto e mãos.
“Antes se acreditava que apenas o raio ultravioleta B, por trás do avermelhamento da pele, era responsável pelo câncer”, conta a dermatologista Denise Steiner, de São Paulo. “Mas hoje sabemos que o ultravioleta A, embora não promova queimaduras, penetra profundamente na cútis, potencializando o risco de tumor”, continua. Esse foi o motivo pelo qual a Agência Nacional de Vigilância Sanitária proibiu câmaras de bronzeamento artificial, já que 90% da radiação emitida pela máquina é UVA. “O pior é que esses raios incidem o dia todo, não só no período crítico, entre 10 e 16 horas, quando há pico de UVB”, avisa Denise. A ordem, portanto, é escolher um filtro que traga no rótulo a informação de que barra o UVA e recorrer a ele sempre que sair ao ar livre à luz do dia — não só no horário de sol a pino.
Ser um exemplo de resistência masculina
Quem nunca presenciou a cena clássica de uma esposa ou de uma filha perseguindo um marmanjo pela praia, segurando um tubo de filtro solar na tentativa de aplicá-lo na marra? A maioria dos homens detesta se besuntar com o protetor. A aversão é perigosa. “Eles apresentam a mesma probabilidade de desenvolver câncer de pele que as mulheres”, alerta Adilson Costa. O jeito é apostar em alternativas que aumentem a tolerância deles ao produto. “Já existem no mercado fórmulas multifuncionais bem práticas, como pós-barba com filtro solar”, exemplifica Denise Steiner. No caso da pele masculina, a textura deve ser levada em conta. Os cremes à prova d’água, por exemplo, costumam ser mais viscosos e, por isso, geram desconforto. Melhor substituí-los por um convencional e reaplicar depois de sair do mar ou da piscina.
Dar trégua ao filtro
Não é novidade que o efeito nocivo do sol se acumula ao longo do tempo. Mas é muito arriscado esperar que o rosto ou as mãos comecem a ficar manchados para começar a se proteger. Afinal, nem sempre soa com antecedência o alarme de câncer à vista. “Quando a radiação incide nas células cutâneas, provoca mudanças no DNA”, explica Marcus Maia. “Daí que enzimas de reparação entram em cena para corrigir a falha”, continua. Nem sempre, porém, elas dão conta de consertar o estrago, e então é formado o chamado DNA UV, material genético com a mutação. “Cada vez que uma pessoa se expõe ao sol sem proteção, mais alterações ocorrem, e nem sempre as consequências são visíveis a olho nu”, diz o dermatologista. Portanto, não tem acordo: o uso do filtro solar é indispensável desde a infância. Especialmente em áreas mais expostas, como colo, ombro, rosto e mãos.
Fonte: Saúde