Para PROTESTE a mudança que é voluntária, ainda é tímida para atender o consumo diário recomendado pela Organização Mundial de Saúde. Metas para redução de sódio em mais sete categorias de alimentos industrializados até 2014 foram anunciadas pelo Ministério da Saúde, incluindo produtos populares entre crianças e adolescentes, como salgadinhos, bolos e biscoitos. Em abril deste ano o acordo com a indústria foi para a redução do sódio em 16 categorias de alimento incluindo macarrões instantâneos, pães de forma e bisnaguinhas.
O problema é que foi pactuada a redução em cima do teto, e não a partir do teor médio de sódio presente nos produtos atualmente. Ou seja, boa parte das empresas já segue as metas propostas e esses teores ainda são considerados altos.
Na avaliação da PROTESTE Associação de Consumidores por ser um acordo, as metas firmadas entre governo e indústria foram tímidas, e não previram atender de imediato as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) de redução do consumo de sódio.
O consumo médio do brasileiro corresponde ao dobro do recomendado pela OMS, que é de 6 a 5 gramas diárias. Se a indústria alimentícia cumprir o acordo, que é voluntário, só em 2020 se atingirá o ideal no consumo diário de sal, ou seja, 5 gramas por dia.
Médicos das sociedades de cardiologia, nefrologia e hipertensão também avaliam que as mudanças são tão tímidas que não conseguirão reduzir a mortalidade por doenças cardíacas. E que na prática, não vai mudar muito para o consumidor.
Um exemplo é o pão de forma. Entre as marcas no mercado, o teor máximo é de 796 mg de sódio por porção. O teor médio é de 437 mg e o mínimo, de 118 mg. A indústria se comprometeu a reduzir para 645 mg em 2012 e 522 mg em 2014 — ou seja, a meta ainda é mais alta que a média encontrada no mercado hoje.
Entre os alimentos testados pela PROTESTE em que foi detectado excesso de sódio destacam-se o macarrão instantâneo, que chega a ter 90% da quantidade de sódio que um adulto pode consumir por dia. O salame, cuja porção de 40 g tem 2 g de sal (5%).
Os alimentos de fast food, os combos infantis chegam a ter 400% do sódio que as crianças entre um e três anos necessitam num dia. As análises feitas também demonstraram que os pratos prontos desidratados chegam a ter 42% do total de sódio que pode ser consumido no dia por um adulto.
Todos os anos, 315 mil brasileiros morrem em decorrência de doenças cardiovasculares, que têm a hipertensão como um dos principais fatores de risco. A redução do consumo de sódio no Brasil é uma das estratégias do governo federal para o enfrentamento às doenças crônicas, como hipertensão arterial e doenças cardiovasculares. Estima-se que o consumo de 5 gramas diárias de sódio significaria queda de 6% a 14% na mortalidade por derrame e de 4% a 9% na mortalidade por enfarte.
Veja o que estabelece o acordo para as sete categorias de alimentos:
TIPO DE ALIMENTO | TEOR ATUAL DE SÓDIO | META DE TEOR DE SÓDIO | REDUÇÃO |
PÃO FRANCÊS | 648mg/100g | 586mg/ 100g | 2,5% ao ano até 2014 |
BATATAS FRITAS E PALHA | 720mg/100g | 529mg/ 100g | 5% ao ano até 2016 |
SALGADINHOS DE MILHO | 1.288mg/100g | 747mg/ 100g | 8,5% ao ano até 2016 |
BOLOS PRONTOS | 463mg/100g | Entre 204mg/100g e 332g/100g (meta varia conforme o tipo de bolo) | 7,5% a 8% ao ano até 2014 |
MISTURAS PARA BOLOS | 568mg/100g | 334mg/100g (aerados), 250mg/100g (cremosos) | 8% a 8,5% ao ano até 2016 |
BISCOITOS | 1.220mg/100g (salgados), 490mg/100g (doces) e 600mg/100g (doces recheados) | 699mg/100g (salgados), 359mg/100g (doces) e 265mg/100g (doces recheados. | 7,5% a 19,5% ao ano até 2014 |
MAIONESE | 1.567mg/100g | 1.052mg/100g | 9,5% ao ano até 2014 |