quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Enfrentar os pensamentos negativos minimiza a solidão


Mudar a maneira como se percebe as relações com o mundo é a intervenção mais eficaz contra o sentimento de solidão, de acordo com uma análise da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos. As descobertas podem ajudar médicos e psicólogos a desenvolver melhores tratamentos para a solidão, um conhecido fator de risco para doenças cardíacas e outros problemas de saúde.
Recentemente, pesquisadores têm estudado a influência negativa da solidão sobre a pressão arterial, a qualidade do sono, demência e outras doenças. Esses efeitos sugerem que a solidão é um fator de risco para a saúde, similar à obesidade ou ao tabagismo. 
"As pessoas estão cada vez mais isoladas, e os problemas de saúde decorrentes disso devem crescer", disse John Cacioppo, professor de psicologia da Universidade de Chicago. "Se nós sabemos que a solidão se relaciona com problemas de saúde, a próxima pergunta é o que podemos fazer para mitigá-la". 

Para determinar o método mais eficaz para reduzir a solidão, Cacioppo e uma equipe de pesquisadores da Universidade de Chicago examinaram várias pesquisas já realizadas sobre o tema. Publicado na revista Personality and Social Psychology Review, a análise quantitativa mostrou que as melhores intervenções estão direcionadas à cognição social (os pensamentos de uma pessoa sobre si mesmo e outros) ao invés de habilidades sociais e oportunidades de interação social.
A revisão da equipe analisou os métodos e os resultados de 20 trabalhos que testaram intervenções contra a solidão. As estratégias eram divididas em quatro categorias: melhorar as habilidades sociais, aumentar o apoio social, criar oportunidades de interação social e intervir na cognição social. 

"Estamos construindo uma melhor compreensão da solidão, que é mais uma questão cognitiva e está sujeita à alterações", disse Christopher Masi, professor da Universidade do Chicago Medical Center e principal autor do estudo. Técnicas de terapia cognitivo-comportamental, uma técnica também usada para tratar a depressão, transtornos alimentares e outros problemas foram mais eficientes, de acordo com os pesquisadores."Intervenções que dão apoio social ou ensinam habilidades sociais não são tão eficazes quanto às que mudam a percepção sobre a solidão, pensam e agem com as outras pessoas", disse Cacioppo.  
A análise quantitativa também analisou se as intervenções em grupo eram mais eficazes do que as terapias individuais para a solidão. Apesar de descobertas anteriores de opiniões qualitativas favorecerem terapias em grupo, o estudo não encontrou nenhuma vantagem para esse método.
"Os estudos têm mostrado que pessoas solitárias têm suposições incorretas sobre elas mesmas e sobre como as outras pessoas as percebem. Reuni-las é como levar as pessoas com percepções anormais juntas", diz Masi. "Eu acho que a solidão é cada vez mais reconhecida como um problema importante na medicina - e, certamente, as tendências demográficas na sociedade agravam o problema", afirmou Masi. 


"Nós encontramos um tipo de intervenção que parece ser eficaz e estamos ansiosos para testá-la com base nestes resultados". Recentemente, pesquisadores da Universidade de Chicago (EUA) revelam que a solidão altera as funções cerebrais de maneira tão nociva quanto os componentes do cigarro. O estudo testou pessoas bastante sociáveis e outras que sofriam de solidão.
Das 23 voluntárias americanas, não-fumantes, que passavam por exames de ressonância magnética, enquanto eram expostas a imagens e sons que remetiam a solidão, 15 mostraram-se solitárias e apresentaram menor ritmo de atividade na zona cerebral chamada de estriato ventral. A reação é semelhante a ação da nicotina no organismo. 

Fonte: Minha Vida