quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Motorola Brasil deixará de exportar celulares para o mercado argentino

Fábrica da empresa, localizada na província argentina Terra do Fogo, atenderá o mercado local, mas manterá a importação de insumos.


A Motorola Brasil não irá mais exportar celulares para o mercado argentino. A decisão foi tomada após mais uma determinação do Ministério da Indústria da Argentina, que dificultará as exportações de eletrônicos para aquele país. Na semana passasda, a ministra Débora Giorgi assinou uma resolução que ampliou o sistema de licenciamento não-automático (LNA) para uma série de produtos. Assim, vários produtos importados não terão mais entrada automática na Argentina e passarão a ser monitorados pelo governo.

“Antes das novas resoluções, parte da demanda da Argentina era atendida pelo Brasil e outra parte pela produção local daquele país. A partir de agora, 100% da demanda argentina será atendida pela produção na [província] Terra do Fogo”, afirmou o diretor de Finanças da Motorola Mobility na America Latina, Diego Rosenthal.

No entanto, a estratégia de exportar componentes utilizados na produção de celulares será mantida. “Em função da larga escala de produção da planta brasileira (hoje abastecemos mercado latino americano), os insumos e componentes necessários para a manufatura na Argentina continuarão sendo exportados do Brasil. Dessa forma, não haverá necessidade de redirecionamento de produção”, esclareceu Rosenthal.

Vale ressaltar que nos últimos anos o governo argentino tem tomado várias decisões que tem prejudicado as vendas de eletroeletrônicos fabricados no Brasil. No final de 2009, por exemplo, o Senado da Argentina aprovou um projeto de lei que aumentou os impostos de produtos eletrônicos, entre os quais celulares, monitores de LCD para computadores, câmeras digitais, equipamentos de ar-condicionado e secadores de cabelo. Os produtos passaram a pagar o dobro de Imposto sobre o Valor Agregado (IVA), que subirá de 10,5% para 21%, e perderam a isenção tributária dos demais impostos, estimada em 26%. A medida atingiu em cheio as exportações brasileiras. Só os produtos acabados em fábricas na Terra do Fogo, província ao sul da Argentina que detém o status de zona franca, mantiveram os benefícios.

Segundo a Abinee, em 2010 as exportações de celulares do Brasil para a Argentina tiveram recuo de 27%, um reflexo direto das medidas do ano anterior. Após a última resolução do Ministério da Indústria daquele país, o presidente da entidade, Humberto Barbato, declarou que o recuou das vendas de celulares será ainda maior em 2011, algo entre 50% e 60%.

Fonte:   ComputerWorld