Experimentar uma roupa no shopping e, em casa, descobrir que ela parecia muito mais incrível quando ainda estava com a etiqueta está longe de ser impossível. Será que espelho de loja engorda? Ou será que emagrece? Algumas cores também parecem mudar de tonalidade no caminho da loja para o armário: o preto, na verdade, se torna azul marinho. Por que essas situações ocorrem? O iG Moda descobriu: há, sim truques e também probleminhas que podem fazer bem (ou mal) à aparência.
O físico Cláudio Furukawa, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo, confirma que os espelhos podem, sim, mostrar imagens alteradas. “Isso só não ocorre quando eles são perfeitamente planos. Esses têm imagem totalmente simétrica, do mesmo tamanho e do mesmo formato.” A maioria dos que há por aí é plana, mas imperfeições podem existir. Se ficar em dúvida, uma dica é se olhar numa porta de vidro ou numa janela para ver o resultado verdadeiro.
Se os erros podem vir da fábrica, como são feitos os espelhos? Primeiramente é formada uma placa de vidro com silício (areia) derretido, que fica apoiada em uma superfície – se ela não for perfeitamente plana, a imagem pode não ser tão fiel assim. Depois que o vidro está pronto, é feito o espelhamento: um sal à base de prata é colado na parte de trás. "A imagem só vai mudar muito se o espelho for muito curvo. Podemos ver uma irregularidade, como o olho ficar maior, mas às vezes só um ponto é abaulado.”
Espelho torto
Outras situações podem alterar a imagem, segundo Furukawa. Se a parede em que o espelho for colocado estiver um pouquinho torta, a pessoa parece mais gordinha. Se ele for muito grande e fino, quem se olha parece mais alto do que é. Por ser maleável, o vidro pode, ainda, dobrar nas extremidades, e seu peso, fazer com que o espelho entorte. Assim, se for muito grande, ele pode “escorrer” e a imagem, ficar mais larga na parte de baixo. Quanto maiores são os espelhos, aumenta o perigo de deformações.
Por conta de tudo isso, na hora de escolher o espelho para um provador, os arquitetos preferem os planos e em que a pessoa possa se ver de corpo inteiro. A arquiteta Alice Silva é a favor de usar mais de um. “É preferível permitir que se tenha visão de vários ângulos, e um espelho oblíquo em um dos cantos pode ajudar.” Como os que ficam do lado de fora do provador costumam ser maiores, às vezes transmitem uma impressão diferente na hora de se “tirar a prova”.
A iluminação também pode influenciar no resultado, explica o físico Cláudio Furukawa. “A imagem vai ser mais ou menos nítida conforme a intensidade da luz. Se ela é diminuída, não vemos os detalhes. Se for mais azulada, o olho não percebe muitos detalhes. Se for muito amarela, enxergamos mais. A cor da roupa pode parecer diferente por causa da lâmpada usada.” Isso é pensado no projeto arquitetônico, segundo Alice Silva. “A luz costuma vir de cima para baixo e das laterais. Evitam-se as muito intensas direcionadas de baixo para cima e também as do lado oposto do espelho, por causa do ofuscamento.”
Embed A curiosidade paira também sobre os espelhos de lojas de biquínis. O diretor da Blue Beach, Rodrigo Sein, confirma que espelhos com pequena inclinação na parte superior deixam a leve impressão de que a pessoa está mais magra. Outro cuidado tomado é com a luz, que costuma ser indireta e vir de trás do espelho. “Assim, ela não reflete diretamente no corpo de quem está experimentando um biquíni ou sunga, e toda a pele fica exposta.”
Fonte: IG Moda - Andressa Zanandrea | 13/03/2010 09:05
